Sempre que passo em frente de algum casarão,
nas ruas do recife; vem-me a lembrança:
os jardins da casa de minha Vô;
Dona Severina. (Dona
Bil ).
Eu morava numa casa, nos fundos do quintal.
Era um bom quintal. Não muito grande;
mas, havia becos, por onde eu, meu irmão mais
novo, primos e alguns colegas da vizinhança corríamos; jogávamos bola;
admirávamos o céu
nos momentos de quietude.
Hoje: moro em um primeiro andar, alugado a
meu tio. Gosto de morar em lugares altos.
Assim posso ter uma visão panorâmica do
mundo;
e principalmente de minha comunidade.
Mas, percebo, contudo, que nos últimos
tempos:
graças ao aumento populacional, crescemos
verticalmente; e que embora tenha
algumas pessoas cultivem plantas em suas
casas...
poucas, ou muito raras... possuem
jardins
como nos tempos de minha vô.
E fico imaginando: tal imaginando se esse não
é um dos motivos de nossos problemas ecológicos;
e se também de nossos problemas sociais;
como por exemplo: nossa tolerância com o
próximo. O motivo de toda à nossa ansiedade
de toda nossa depressão.
No lugar de jardins, nas garagens motores
possantes.
Como diz aquela canção: “não sou contra o
progresso”, mas que alguma coisa em comum
essas coisas tem... Isso eu não descarto.
À medida que vamos sendo tirados de perto da
natureza: vamos nos esquecendo que nosso espírito foi e sempre será selvagem;
e que por não sabermos reconhecer isso
nos tornamos indiferentes e arrogantes;
frios no trato, pouco sincero na convivência.
José Correia Paz
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