Apesar de eu ser um grande admirador do
verão; pois nasci em fevereiro; mês de sol e calor. Dias nublados me fazem
sentir saudades de minha infância. Eu morava numa casa de fundo de quintal; no
quintal de minha avó; D. Bil. Éramos sete; minha mãe, meu pai, meus quatro
irmãos e eu. Sabe: não sou afeito ao inverno, por esse efeito melancólico que
ele nos produz; e como já disse antes: detesto melancolia. Mas, não sei por
que, dias como o de hoje também me fazem se sentir saudosista. A primeira coisa
que me vem à mente: é o olhar que lancei pela janela da cozinha de minha casa,
e a sensação de tranqüilidade que senti olhando para nuvens, que eram muitas
como agora; e pouco podia se ver do azul do céu.
Lembro-me que corria pelo quintal em meio ao
vento frio, e plantas que ondulavam ao vento, atrás de uma bola que ganhei de
presente de um tio. Que também se chamava José. De às vezes, jogar bola com um
de meus irmãos e ate primos e vizinhos. De inicio: não tínhamos TV, e quando
conseguimos comprar uma: pouco podia assistir... a energia era muito cara.
Vivia o Brasil: um período de trevas! Repressão política etc., eu: claro, uma
criança não entendia o que se passava, mas a maneira de agir das pessoas, não
era difícil de entender que tinha alguma coisa errado. – hoje percebo o quanto
esse céu nublado contrata com a realidade da época. E como nunca gostei de autoritarismos; talvez
venha daí meu repudio ao inverno.
Lembro-me também das minhas primeiras idas à
escola. Minhas primeiras aproximações com as letras. Não foi assim grande coisa; eu não me importava
muito. Não havia assimilado a importância dos estudos pra minha vida. Era uma
escola que ficava na rua do caju, a professora se chamava: Nelinha, lembro-me que ela tina um cachorro preto,
peludo, não sei dizer a raça. Sei que muita criança se deveria com ele ao
recreio. E de que no inverno,para chegar a escola tínhamos que atravessar por
sobre pedras a maré alta. Quando não tinha aula: quando não por causa de um
feriado, mas por causa da chuva; ficava eu, olhando os quintais. De casa e da
vizinha, vendo a maré inundando tudo... E comparava com os rios que via na TV,
nos filmes de Tarzan.
E pensar que tantas lembranças, cabem nua
nuvem; fora o que só vou contar depois, das chuvas que tomei a caminho da
escola. Ao som de canções como Aline, por exemplo, me fazendo se sentir um
personagem de um filme Noir. As vezes
que cheguei ensopado na escola; não pelo medo de perder a aula, mas por causa
de alguma garota que nem sabia de minha existência. Na educação física: o jogo
de bola debaixo de um céu nublado e o eco de nossas vozes pela praia... Transformava-nos
em Deuses do Olímpio.
O que grava essas nuvens hoje? Que observo de
minha janela? Alem das lembranças e as mulheres bonitas que vejo passar.
Guardarei seus desenhos em alguma nuvem em minha memória; para quem sabe numa
próxima postagem as contar.
José Correia Paz
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