É a guerra aquele monstro
que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e
consome, tanto menos se farta.
É a guerra aquela tempestade terrestre que
leva os campos, as casas, as vilas, as cidades, os castelos, e talvez em um
momento sorve os reinos e monarquias inteiras.
É a guerra aquela calamidade composta de todas
as calamidades, em que não há mal algum que ou não se padeça ou não se tema,
nem bem que seja próprio e seguro: – o pai não tem seguro o filho; o rico não
tem segura a fazenda; o pobre não tem seguro o seu suor; o nobre não tem segura
a sua honra; o eclesiástico não tem segura a imunidade; o religioso não tem
segura a sua cela; e até Deus, nos templos e nos sacrários, não está seguro.
padre Antonio Vieira
(fragmento do livo "os sermões")
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