Quando criança tinha uma saúde muito frágil;
por conta disso hoje me chamo José. Era não sei se ainda é, uma supestiçãoo
muito comum naquele tempo. Se menino tinha que se chamar José, se menina Maria.
Caso fosse de saúde frágil. Pois segundo quem adotava a surpestição: era por
que o menino ou a menina será um sofredor. E por isso tem que lhes da um nome
que lhes proteja.
Confesso que não gostava da idéia de ser um
sofredor. Quem gosta? Não me agradava esse pensamento de que teria pela frente só
tropeço. Era um pensamento muito pessimista no meu entender. E durante um bom
tempo, ou melhor, cresci não apreciando meu nome.
Na escola quando comecei a freqüentar a
educação física, e comecei a participar das peladas, no meu time tinha um sujeito
que também se chamava José; e jogávamos na mesma posição: zagueiros. E para não
confundir-nos na hora de passar alguma instrução; o responsável pelo time teve
a idéia de nos chamar pelo sobre nome. Sendo assim: meu companheiro de zaga
passou a se chamar Ricardo; e eu Correia; e mais adiante ele foi para o ataque;
e eu para o gol. E como ele foi o primeiro a começar a fumar entre nós, e era
um pouco esquentado... ganhou o apelido de hominho; e eu por estar começando a usar óculos, passei
a ser chamado de super-man; por causa da semelhança dos meus óculos com o do herói
do filme quando estava disfarçado.
De lá pra cá tive muitos apelidos; maioria por
conhecidência com nomes de super heróis. Hoje sou calango; por causa de um
palpite de jogo que meu irmão deu a um jogador. E depois de passado por muita coisa,
vivenciado muita coisa, e ter sobrevivido a todo o sofrimento. Conclui que é
besteira, que meu nome não tem nada a ver com meus tropeços e acertos; e que rejeita-lo
só iria dar mais credito a supertição. E o que mais importa é nossa
personalidade diante da vida. Chame-se você como for não tenha vergonha ou
preconceito com seu nome; e sim busque
dar personalidade a ele. Pois no final das contas: o que vale é a nossa personalidade diante da vida. E a vida: só
pede nós um pouco de ação; para continuar em movimento; para que venham outros
josés, outras Marias.
José Correia Paz
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