sábado, 17 de fevereiro de 2018

POESIA PARA CONTEMPLAR


INAIA VERBA
Olavo Bilac
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada a' tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e dano, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?! 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

SOCIEDADE MODERNA


Como ser um cidadão nos tempos atuais?
Como ser alguém?
Há no momento um discurso que transforma o cidadão em personagem do passado.
Ninguém quer ser mais um cidadão, todos querem ser bandidão.
Essa infelizmente é a máxima que perpassa a mente da maioria periférica por onde eu moro. O que afinal aconteceu? O que saiu de errado para que a maioria da população de repente, surgisse com um discurso desses? Falta de educação talvez?
Mas, sabe, olhando bem para nossa historia, percebo que esse pensamento sempre esteve presente nos desejos da população. Principalmente entre as mais carentes.
É como se o fato de ser temido, nos trouxesse algum estatus.
Ser temido [e para muitos, ser notado. E nesses tempos histriônicos que estamos vivendo, cheios de discursos provincianos e cheios de ressentimentos; não tem como um pensamento desses se fazer tão notado.
O que é lamentável e desolador. E o que mais me entristece é perceber que este é um caminho sem volts. A humanidade resolveu assumir o que ela realmente o é: uma causa perdida. Por isso pousa de vilã, vota em candidatos autoritários, destilam sua intolerância sobre o que for diferente e pousam de arrogantes em homenagem aos heróis estúpidos que elegem. E o que é mais impressionante! Em plena era tecnológica, tempos em que os meios de comunicação conseguiram grande avanço, desaprendemos a nos comunicar. As pessoas agora só se xingam. É como se não soubessem mais o que dizer. E assim tudo virou pose. Sai melhor na foto quem fizer a estatua mais arrogante.
E assim seguem sem perceber: destruído sua cidadania.
Não gosto desse pensamento e desse discurso que ele encerra. Se eu busquei me educar foi para ser um cidadão. E não um bandidão.

José Correia Paz