sexta-feira, 9 de junho de 2017

NA ESTANTE DO ATEMPORAL

SOMOS PEDRAS QUE SE CONSOMEM

Sabe aquela velha pergunta: ou é a vida que imita a arte? Ou é a arte que imita a vida? Sobre essa pergunta nos leva a pensar somos pedras que se consomem.  Ao passo que nos choca com seus personagens marginais o livro nos propõe um passeio pelo mundo literário. Onde o autor fala um pouco de suas influencias e sita grandes nomes da literatura brasileira e internacional. Mostrando a troca de influencia entre a literatura e as outras artes, como: o cinema e a musica. Alias: não há como você ler somos pedras que se consomem sem imaginar como seria suas historia retratadas no cinema. Será que teria um lado documental? Já que alem de romance não há como você o ler, e não o interpretar também como um ensaio.  Um ensaio que narra dentro da historia de seus personagens, uma importante passagem da historia do Brasil. Para quem viveu aquele ano de 1992; não há como viajar no tempo através das lentes de Isis. Uma das personagens da historia que trabalhando como fotografa documenta tudo: as passeatas, os caras pintadas e toda a atmosfera política e social que nos cercava na época. E entre agitações políticas, traições, crimes hediondos; personagens apaixonados por literatura e pelo o mundo bandido que os atrai...  Não há como ao ler este livro: e não refletir sobre esse mundo das ruas, tanto daqui do Recife quanto pelo resto do mundo: Alemanha, EUA, e os perigos que seus personagens marginalizados sofrem.
Com seu final para lá de enigmático, que lembra um conto de Machado de Assis: somos pedras que se consomem nos propõe, ou melhor, nos faz ver a arte, principalmente a literatura, como: uma outra dimensão. Uma dimensão onde mundos extremamente opostos e rivais se amam. Um amigo meu me emprestou este livro. E disse: “prepare-se! Você vai ler algo punk! Rock and roll mesmo! E nada é mais rock and roll que juntar em forma de poesia AC/DC e Adélia prado.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

POESIA PARA CONTEMPLAR ESPECIAL


O CÃO

Dava mais do que cobrava

o cão de pelo eriçado,

pequeno, vesgo e vadio.

Foi ter às mãos do menino

como presente do tio.

Seria sombra do dono

por muitos anos a fio.

Partilhava das diabruras,

furtava bolas na rua

e, porque astuto e valente,

quando se punha no encalço

de uma cadela no cio,

em circunstâncias adversas

mantinha em nível seu brio.

Afora tantas virtudes,

pelas enchentes do estio,

atrás de objeto atirado

saltava da ponte ao rio.

O cão de pelo eriçado,

pequeno, vesgo e vadio,

dando mais do que cobrando,

permaneceu com seu dono

por muitos anos a fio.

Viu-o crescer e casar-se,

quebrar os elos da infância.

Sendo um dos elos, rompeu-se.

Então morreu de velhice

ou - quem sabe? - de fastio.

 

Rolando Roque da Silva