segunda-feira, 5 de maio de 2014

NA GALERIA DO ATEMPORAL

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE




Meu nome é José. E por ser José, lembro-me de quando criança, ouvir sempre o mesmo refrão:
- principalmente na voz de minha avó, dona Severina (D. biu ), de quem  guardo maior lembrança cantarolando: - E agora José?. A musica era então, um poema de Carlos  Drummond de Andrade; musicado  por Paulo Diniz.
 E eu passei a achar na época, 
que cada pessoa tinha sua própria  musica.
Assim como eu me chamava José; minha avó 
que se chamava Severina tinha também sua musica; e por ai  em diante... infância, coisas de infância...

E foi assim que tive contato pela primeira vez
com a poesia de Carlos Drummond de Andrade.
Este mineiro; nascido em  Itabira; no inicio do seculo XX; participou do movimento modernista; movimento que surgiu no intuito de romper com os padrões convencionais de expressão nas artes. Ate então entre o final do seculo XIX e as duas primeiras décadas do seculo XIX, consideradas tradicionais e inquestionáveis.
Mau podia eu adivinhar que mais tarde Drummond viria à se tornar ao lado  de Machado de Assis e Jack Kerouac, um dos meus escritores prediletos. Com sua poesia irônica, observadora do homem  e seu tempo; Drummond: ao lado de nomes como Manuel bandeira, e Mario de Andrade: decantou através de seus versos,  o lado prosaico da natureza humana.        Confesso que, quando criança, a musica me assustava. - Por que " e agora José? " - eu me perguntava! .
Anos mais tarde no  ginásio;
cruzei novamente com essa musica, ou o que poderia ser na meu entender então, a letra da musica. Num livro de comunicação e expressão;
como eram chamados os livros de português e literatura na época. Lá estava o poema " José "
acompanhado de outro poema: " poema de sete  faces " . Por sinal poema que abre o primeiro livro
do Drummond: " Alguma poesia " , e também sua mais conhecida antologia poética. Se " José " me assustara quando criança pela força de sua indagação; o " Poema das sete faces " me conquistara pelo seu jeito fragmentado e irônico de interpretar o mundo em geral.

Um pouco mais à frente; terminado meus estudos;
fui encontrar em um sebo de livros, o livro "Antologia poética ". Organizada pelo o próprio autor.E o vendedor também se chamava Carlos.
E pude dai por diante conhecer mais de perto a obra de Carlos Drummond de Andrade. 
Poemas como: " A morte do leiteiro " ; " A flor e a náusea";  verdadeiras crônicas sociais  
questionando o papel de cada um inclusive o do escritor diante da vida e do mundo.  Abordando temas com:  o amor, a fraternidade e a solidão. O medo dos ditadores e dos democratas.
Para nos interpretar  a diversidade do mundo.
 " mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima não seria solução. ".
Hoje: ao ouvir a canção, com seu refrão que quando criança muito assustava, 
" e agora José? lhe pergunto em resposta: e agora você?

José Correia Paz 




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