OLHOS NOTURNOS
Veloz! um auto corta a madrugada e as ruas de um bairro nobre de Recife;
Dentro dele um casal; cheios de frenesi e álcool,
-frequento a noite há tanto tempo... é a primeira vez que te vejo por estas bandas;
-tudo tem sua primeira vez, alias, diz ela, não sou daqui . Estou só passando uma temporada...
-De onde você é?
-Sou do interior;
-Interior...! de que cidade? pergunta ele mostrando empolgação, apenas para manter
a pequena presa em sua lábia. Enquanto ela atenta ao volante lhe respondia, quando:
-Sou do interior da...chegamos! ali esta minha humilde casa.
Aciona o controle remoto; os portões se abrem; o carro entra nos domínios;
os portões se fecham atrás dos dois.
Ela o beija no rosto e diz:
-Vem conhecer minha casa e... me conhecer melhor também!
saem do carro; vão para porta;
enquanto ela abre a porta ele a abraça, entusiasmado quase a atrapalha;
-gracinha...hum...!
-poupe seu folego... vamos precisar muito dele lá dentro....
ela abre a porta; - entra, ela diz: -não repare na desordem.
-"Então: minha putinha é uma rainha". penca consigo enquanto admira a casa.
Embora situada em bairro nobre; e por fora fosse uma bela mansão;
sua sala de estar era modesta. Ao centro um aconchegante jogo de estofado,
à sua direita um bar, com uma vasta oferta em bebidas.
Pelas paredes e pelos cantos: algumas obras de artes e esculturas impressionavam
e mostravam um pouco da dona da casa.
"Uma putinha culta então!...é tudo imitação suponho!". pensou consigo mais uma vez.
Apos contemplar o ambiente ...volta-se para ela....que olha docemente e se aproxima.
De doce; o olhar fica voraz; se beijam; se olham mais uma vez;
A respiração ofegante e lasciva fala por suas almas...
-Vou buscar uma bebida. Diz ela e caminha para o bar....sem tirar seus olhos dos dele.
-Você gosta de vinho? pergunta ela.
-Bom desde que você venha junto...pra mim tudo serve.
Ela se aproxima novamente trazendo duas tarsas; e lhe oferece uma;
-pois eu adoro vinho! diz ela, e complementa:
-principalmente vinho tinto! sorri discretamente.
Se olham outra vez...ele toma o vinho sem tirar seus olhos dos dele...
ela diz:-acho que não vou mais precisar desse vestido;
-Não vai mesmo. Ele afirma.
Ela o empurra em direção ao sofá e se atira em cima dele...
diz:-fica mais a vontade ...tira essa camisa...
ele a beija; a acaricia; dominado de desejo...
enquanto ela lhe diz:-Agora você é meu!
E de repente, numa estranha criatura se transforma, e lhe morde o pescoço!
Os gritos de horror do homem; ninguém ouviu...
nem mesmo a pessoa que do outro lado de sua janela filmava à tudo.
E agora quedava assustado; surpreso em um inacreditável espanto...!
José Correia Paz
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