quarta-feira, 23 de outubro de 2019

QUANDO NUBLA O TEMPO


Apesar de eu ser um grande admirador do verão; pois nasci em fevereiro; mês de sol e calor. Dias nublados me fazem sentir saudades de minha infância. Eu morava numa casa de fundo de quintal; no quintal de minha avó; D. Bil. Éramos sete; minha mãe, meu pai, meus quatro irmãos e eu. Sabe: não sou afeito ao inverno, por esse efeito melancólico que ele nos produz; e como já disse antes: detesto melancolia. Mas, não sei por que, dias como o de hoje também me fazem se sentir saudosista. A primeira coisa que me vem à mente: é o olhar que lancei pela janela da cozinha de minha casa, e a sensação de tranqüilidade que senti olhando para nuvens, que eram muitas como agora; e pouco podia se ver do azul do céu.
Lembro-me que corria pelo quintal em meio ao vento frio, e plantas que ondulavam ao vento, atrás de uma bola que ganhei de presente de um tio. Que também se chamava José. De às vezes, jogar bola com um de meus irmãos e ate primos e vizinhos. De inicio: não tínhamos TV, e quando conseguimos comprar uma: pouco podia assistir... a energia era muito cara. Vivia o Brasil: um período de trevas! Repressão política etc., eu: claro, uma criança não entendia o que se passava, mas a maneira de agir das pessoas, não era difícil de entender que tinha alguma coisa errado. – hoje percebo o quanto esse céu nublado contrata com a realidade da época.  E como nunca gostei de autoritarismos; talvez venha daí meu repudio ao inverno.
Lembro-me também das minhas primeiras idas à escola. Minhas primeiras aproximações com as letras. Não foi  assim grande coisa; eu não me importava muito. Não havia assimilado a importância dos estudos pra minha vida. Era uma escola que ficava na rua do caju, a professora se chamava: Nelinha,  lembro-me que ela tina um cachorro preto, peludo, não sei dizer a raça. Sei que muita criança se deveria com ele ao recreio. E de que no inverno,para chegar a escola tínhamos que atravessar por sobre pedras a maré alta. Quando não tinha aula: quando não por causa de um feriado, mas por causa da chuva; ficava eu, olhando os quintais. De casa e da vizinha, vendo a maré inundando tudo... E comparava com os rios que via na TV, nos filmes de Tarzan.
E pensar que tantas lembranças, cabem nua nuvem; fora o que só vou contar depois, das chuvas que tomei a caminho da escola. Ao som de canções como Aline, por exemplo, me fazendo se sentir um personagem de um filme Noir.   As vezes que cheguei ensopado na escola; não pelo medo de perder a aula, mas por causa de alguma garota que nem sabia de minha existência. Na educação física: o jogo de bola debaixo de um céu nublado e o eco de nossas vozes pela praia... Transformava-nos em Deuses do Olímpio.
O que grava essas nuvens hoje? Que observo de minha janela? Alem das lembranças e as mulheres bonitas que vejo passar. Guardarei seus desenhos em alguma nuvem em minha memória; para quem sabe numa próxima postagem as contar.

José Correia Paz

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