sábado, 6 de dezembro de 2014

DOS TEMPOS DOS QUINTAIS


Sempre que passo em frente de algum casarão, nas ruas do recife; me vem a lembrança:
os jardins da casa de minha Vó;
Dona Severina. ( Dona Bill ).
Eu morava numa casa, nos fundos do quintal de  sua casa.
Era um bom quintal. Não muito grande;
mas, havia becos, por onde eu, meu irmão mais novo, primos e alguns colegas da vizinhança corríamos; jogávamos bola; admirávamos o céu
nos momentos de quietude.
Hoje: moro em um primeiro andar, alugado à meu tio. Gosto de morar em lugares altos.
Assim posso ter uma visão panorâmica do mundo;
e principalmente de minha comunidade.

Mas, percebo, contudo, que nos últimos tempos:
graças ao aumento  populacional, crescemos verticalmente; e  que embora tenha algumas pessoas  cultivem plantas em suas casas... 
  poucas, ou muito raras... possuem  jardins
como nos tempos de minha vó.

E fico imaginando: se esse tal paradigma  não é um dos motivos de nossos problemas ecológicos;
e se também de nossos problemas sociais;
como por exemplo: nossa tolerância com o próximo. O motivo de toda à nossa ansiedade
de toda nossa depressão.
No lugar de jardins, nas garagens motores possantes.

Como diz aquela canção: " não sou contra o progresso ", mas que alguma coisa em comum
essas coisas tem... isso eu não descarto.
À medida que vamos sendo tirados de perto da natureza: vamos nos esquecendo que nosso espirito foi e sempre sera selvagem;
e que por não sabermos reconhecer isso
nos tornamos indiferentes e arrogantes;
frios no trato, pouco sinceros na convivência.

E em tempos tão herméticos;

em um mundo tão fragmentado pela competição do dia a dia;
fica nosso espirito selvagem sufocado.
Não que não já tivemos tempos difíceis; esse mundo já passou por duas guerras mundiais.
Eu mesmo, sou de uma geração:  que presenciou a tão falada
guerra fria. E dava para se sentir na atmosfera... o sufoco...
que à ameça de uma guerra atômica. 
No entanto, lembro-me, que a convivência entre nós:
amenizava nosso tempo difícil. 

Hoje, alem da falta de espaço... deixamos que disputas ideológicas e todo o tipo de fanatismo
nos isolasse  sem notarmos;  num redemoinho de ilusões.
E o mais desolador: é perceber que esse é um caminho sem volta a cada dia que passa. 
Nosso instinto selvagem; outrora: tão desbravador e tão voltado para o coletivo; aos poucos foi se tornando indiferente...
indiferente... indiferente...

Olhando essas casas que ainda possui jardim:
vem a saudade não só de minha infância e de minha vó;
mas também de um sentimento mas esperançoso que existia dentro de mim.
Quem sabe: se voltarmos a cultivar mais jardins...
voltamos novamente a nos aproximar da natureza?
E a paz interior que ela nos transmite em sua grandeza.
E com serenidade, mesmo competido, sobreviver a toda essa poluição  que tanto nos envenena  o espirito.
Quem sabe? fica aqui a campanha.

José Correia Paz

 

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