quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

ELEGIA DE UM HOMEM QUE SE PERDEU NA CIDADE



Me perdi pela cidade.
De repente, era  eu,  só mais um na multidão.
Buscando sobreviver...
buscando se entender...
em meio ao barulho, em meio a fumaça,
que surgem, não se sabe mais de onde.
Quando nos encontramos:
estamos sempre na contra-mão.

O tempo, se perde em nossa ânsia...
seguimos indiferentes dentro dos ônibus;
a cidade passa... passa...
pombos comendo a migalha que deixamos cair,
sem notar, ou por puro prazer mórbido mesmo.
Nos conectamos...
para que ninguém note nossa solidão.

Me perdi pela cidade...
eu que me julgava conhecedor de todos caminhos.
Agora, me vejo surpreendido por sua dimensão;
e o que ela é capaz de fazer de nós;
nós, seres tão pequenos...
mergulhados na rotina, que nos escraviza.

Nos assusta suas sombras;
seus muros cada vez mais altos;
seus vira-latas a morder nosso calcanhar;
e os seus fantasmas inconsoláveis
a cobrar de nós, nosso vilipendio.
- Seu pesadelo é minha vingança -.

Me perdi pela cidade...
apesar de tudo...
todos os conflitos;
todas as decepções;
e a vontade de desistir...
encontrei alguns tesouros;
- alguns, ate tinham nomes de flor -.
momentos de alento em meio ao caos.
Nunca esquecerei seu olhar; 
seu jeito de andar;
seu riso; sua nudez...

Senhores, senhoras, 
me perdi pela cidade...
era um dia de verão...
Recife se renovava;
novamente era como canta
aquela antiga canção..
um asfalto de um sonho onde todos se encontram.

José Correia Paz

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