terça-feira, 1 de novembro de 2016

POESIA PARA CONTEMPLAR

 UMA ORAÇÃO AMERICANA

Conheces o quente progresso
debaixo das estrelas?
Sabes que existimos?
Terás esquecido as chaves
do Reino?
Terás nascido já
& será que estás vivo?
Reinventemos os deuses, todos os mitos
das eras
Celebremos os símbolos das anciãs florestas profundas
(Terás esquecido as lições
da guerra antiga)
Precisamos de grandes cópulas douradas
Os pais cacarejam nas árvores
da floresta
A nossa mãe está morta no mar
Sabes que estamos a ser conduzidos ao
matadouro por plácidos almirantes
& que lentos generais gordos se tornam
obscenos com o sangue jovem

Sabes que somos governados pela TV
A lua é uma besta de sangue seco.
Bandos de guerrilheiros contam efectivos
no próximo canteiro de verdes vinhas
preparando-se para a guerra contra inocentes pastores
que se limitam a morrer
Ó grande criador do Ser
Concede-nos uma hora mais para
exibirmos a nossa arte
& aperfeiçoarmos as nossas vidas
As traças & e os ateus são duplamente divinos
& mortais
Vivemos, morremos
& a morte não é o fim
Viajemos ainda mais para dentro do
Pesadelo
Agarra-te à vida
a nossa flor apaixonada
Agarra-te ás conas & caralhos
do desespero
Obtemos a nossa última visão
com o esquentamento
A virilha de Colombo
encheu-se de morte verde
( Toquei a coxa dela
& a morte sorriu)
Reunimo-nos no interior deste antigo
& insano teatro
Para propagarmos o nosso desejo pela vida
& escaparmos à enxameante sabedoria
das ruas
Os celeiros foram arrasados
As janelas conservadas
& apenas um de todo o resto
Dança & nos salva
Com o divino arremedo
das palavras
A música inflama o temperamento
( Quando os verdadeiros assassinos do Rei
têm licença para vaguear livremente
1000 Magos erguem-se
na terra)
Onde estão as festas
que nos prometeram
Onde está o vinho
O Vinho Novo
( morrendo na vinha )
gozação permanente
dá-nos uma hora para a magia
Nós os da luva púrpura
Nós os do voo do estorninho
& da hora de veludo
Nós os gerados por prazeres arábicos
Nós os da cúpula do sol & da noite
Dá-nos um credo
para acreditarmos
Uma noite de Luxúria
Dá-nos confiança
Na Noite
Dá de cor
cem matizes
Uma rica Mandala
para mim & para ti
& para a tua sedosa
e almofadada casa
uma cabeça, sabedoria
& uma cama
Confuso decreto
A gozação permanente
te reivindicou
Customávamos acreditar
nos bons velhos tempos
Que ainda recebemos
em modo escasso
As Coisas Amáveis
& o sobrolho carregado
Esquecem & consentem
Sabias que a liberdade existe
num livro escolar
Sabias que os loucos são
quem dirige a nossa prisão
dentro de uma jaula, dentro de uma gaiola
dentro de um branco, livre e protestante
Estado de confusão violenta
Empoleirámo-nos, temerários
à beira do aborrecimento
Estendemo-nos para a morte
na ponta de uma vela
Esforçamo-nos por algo
que já nos encontrou
Podemos inventar os nosso próprios reinos
grandes tronos purpúreos, aquelas cadeiras de luxo
& amar nós devemos, em camas de ferrugem
Portões de ferro fecham os gritos do prisioneiro
& a musiqueta, Onda Média, embala os seus sonhos
Sem o orgulho dos negros para alçar os sorrisos
enquanto os anjos trocistas coam as aparências
Ser a colagem do pó de revista
Esboçada na testa dos muros da confiança
Isto é só prisão para aqueles que devem
levantar-se de manhã & lutar por tais
padrões inutilizáveis
enquanto raparigas chorosas
exibem penúria & caretas
delirantes a uma turba
louca
Uau, estou farto de dúvidas
Vivo à luz de um certo
Sul
Laços cruéis
Os servos têm o poder
homens-cão & e as suas mulheres mesquinhas
esticam pobres cobertores sobre
os nossos marinheiros
(& onde estavas tu na nossa
hora difícil)
A mungir o teu bigode?
ou moendo uma flor?
Estou farto de rostos severos
Fixando-me da torre
da TV. Quero rosas no
meu caramanchão, entendes?
Bebés reais, rubis
devem agora substituir estranhos
abortados na lama
Estes mutantes, alimento sanguíneo
para a planta cultivada
Estão à espera de nos levar ao
jardim separado
Sabes o quão pálida & sensacionalmente travessa
chega a morte, numa hora estranha
não anunciada, não planeada
como um aterrador convidado amigável que tu
trouxeste para a cama
A Morte faz anjos de todos nós
& dá-nos asas
onde tínhamos os ombros
suaves como as garras
de um corvo
Basta de dinheiro, basta de vestidos bonitos
Este outro reino parece de longe o melhor
até a sua outra mandíbula revelar incesto
& perder obediência a uma lei vegetal
Não irei
Prefiro uma festa de Amigos
à Família Gigante
~~~~~~~~
(II)
Grande Cristo gritante
Olaré
Maria Preguiçosa quererás levantar-te
numa manhã de domingo
"O filme irá começar em 5 momentos"
Anunciou aquela voz sem sentido
"Todos os que estiverem de pé, esperarão
pelo próximo espectáculo"
Desfilámos lentamente, languidamente
até ao átrio. O auditório
era vasto & silencioso
Enquanto nos sentávamos & fomos obscurecidos
A Voz continuou:
"O programa para esta noite
não é novo. Já viram
este entretenimento uma & outra vez
Viram o vosso nascimento, a vossa
vida & morte; podem recordar-se
de tudo o resto - (tiveste
um bom mundo quando
morreste?) - suficiente
para basear um filme?"
Uma risada metálica bateu-nos
no espírito como um punho
Vou-me embora daqui
Onde é que vais?
Ao outro lado da manhã
Por favor, não afugentes as nuvens
os pagodes, os templos
A cona dela agarrou-o
como uma mão quente
e amigável
"Está tudo bem.
Todos os teus amigos estão aqui."
Quando posso ir ter com eles?
"Depois de comeres"
Não tenho fome
"Oh, queríamos dizer bateres"
Corrente de prata, grito prateado
concentração impossível
Aí vêm os comediantes
vejam como eles sorriem
Vejam-nos dançar
uma milha índia
Vejam como gesticulam
Um tal aprumo
Dá gestos a toda a gente
Palavras fragmentam
Palavras sejam rápidas
Palavras parecem bengalas
Planta-as
E elas crescerão
Vê como vacilam então
Serei sempre
um homem de palavra
Mais que um homem-pássaro
Mas ponho na conta
Não se vá embora
sem depositar um dólar
Tenho de dizer outra vez
em voz alta, percebeste a ideia
Não há comida sem o aumento de combustível
Ora esta, o espalhafato irlandês
soltou-me o bico
no pico dos poderes
Ó rapariga, solta
o teu pente atormentado
Ó mente preocupada
Peca nos sertões
perdidos através do esconderijo
Ela cheira a dívida
no meu novo colarinho
Prosa arrogante
Amarrada num rede de veloz perseguição
Por isso a obsessão
É fácil admitir
um ritmo rápido e emprestado
A Mulher meteu-se entre eles
Mulheres de todo o mundo uni-vos
Tornem o mundo seguro
Para uma vida escandalosa
Hee Heee
Corta a goela
A vida é uma anedota
A tua mulher está num fosso
O mesmo barco
Lá vem a cabra
Sangue Sangue Sangue Sangue
Estão a transformar o nosso universo
numa anedota

~~~~~~~~
(III)
Caixa de fósforos
Serás tu mais real que eu
Vou queimar-te, & libertar-te
Chorou lágrimas amargas
Cortesia excessiva
Não esquecerei
~~~~~~~~
(IV)
Uma doentia lava quente assomou,
Sussurrando & borbulhando
O rosto de papel.
Máscara-espelho, amo-te espelho.
Sofrera uma lavagem cerebral durante 4 horas.
O Tenente baralhou de novo
"pronto a falar"
"Não senhor" - era tudo o que ele diria.
Regressa ao ginásio
Meditação
muito pacífica
Base aérea no deserto
espreitando para fora através das persianas
um avião
uma flor do deserto
boneco fixe
O resto do Mundo
é imprudente & perigoso
Olha para os
bordéis
Exploração de
Filmes para machões
~~~~~~~~
(V)

Um barco sai do porto
cavalo ruim de um outro matagal
fúrcula do desejo
desacredita a raposa de metal

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