sexta-feira, 11 de novembro de 2016

SERPENTES NO PARAISO

Sinto que o tempo esfriou. Em plena primavera vejo nuvens carregadas, densas e cinzas. Há serpentes fechando o cerco; seu olhar vingativo só aguarda o momento.
E o momento nos congela, nos engessa em meio a um discurso há muito envelhecido.  Com sua língua ferina ela espalha veneno nos corações; ela quer a guerra, o caos. Pois sabe que o caos pode esconder sua arrogância e sua intolerância.
As serpentes quer que todos a sigam. Elas não sabem sorrir; não reconhecem o direito de existir do outro.
Quem se sentir atraído pelo charme dessas serpentes, estará colocando o mundo em perigo.
E pensar: que por alguns instantes, poderíamos dizer que estava tudo sobre controle; somos pegos de surpresa em plena primavera por velhas serpentes e seus planos mesquinhos.
Sinto que o tempo esfriou. E no vazio fomos atirados, frente a frente com velhos monstros, que não sabem nos deixar em paz.


José Correia Paz

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